quinta-feira, 5 de julho de 2007

Ainda a nossa Corrida.


Querem destruir as Fogueiras?

Quando se vai na 28ª edição de um evento que é aclamado, de forma unânime, como sendo único e especial, há questões que são muito difíceis de entender.

Todos nós vivemos e sofremos rupturas nas nossas vidas. Mas, quando está em causa a nossa integridade, o nosso prestígio e a continuação das nossas vidas, temos que nos acautelar e seguir em frente.

A Câmara Municipal de Peniche tomou nas mãos a organização da Corrida das Fogueiras entrando em ruptura com a anterior organização responsável. No entanto não acautelou, como deveria, a organização da mesma. E foram muitos os lapsos, que não passaram despercebidos, mesmo aos menos atentos.

Podemos começar pela marcação dos quilómetros, com erro inicial na marcação do terceiro. Eles estão marcados há anos e a sua marcação é bem visível. Foi difícil e demorada a rectificação, depois de alertados os responsáveis para o efeito.

Depois registou-se uma incompreensível e ilógica sequência na entrega dos dorsais que poderia lesar a organização. Era possível ter o dorsal e o chip sem ter efectuado o pagamento da inscrição, no local do levantamento. Isto se tivéssemos enviado a inscrição sem efectuar o pagamento. Em 2007 já não faz sentido pagar por cheque, quando existem outros meios mais práticos e rápidos de pagamento. Como dizia, podíamos estar prontos a correr, sem pagar. Mas isso nem foi o mais grave.

Também quem se inscreveu na Corrida das Fogueirinhas, enviando a sua inscrição para Aveiro teve dificuldades no levantamento da T-shirt e do dorsal. Não houve coordenação entre as duas entidades envolvidas: Câmara Municipal de Peniche e Sportis.

Não me lembro da segurança da partida não ter sido bem acautelada, ao longo de todos os anos passados. Porém, se não fosse a compreensão de quem estava mal, a partida poderia ter sido complicada, com os alertas e pedidos de colaboração a surgirem muito perto da hora. Mais uma vez por não ter sido pensado e acautelado este aspecto.

O impensável aconteceu em plena prova. Quem ía à frente da corrida e indicava o caminho aos atletas não conhecia o percurso, contornando a roturna que se segue à Avenida do Porto de Pesca, antes da Rua dos Pocinhos, quando o percurso não inclui esta rotunda, que deve ser feita pela esquerda, como está no mapa. O percurso total, para alguns, quase todos, ultrapassou os 15.110 metros.

O cronómetro dos 10 Kms estava parado ou desligado e deitado por terra, ao contrário do que aconteceu nos anos anteriores. Porque estava lá, se não servia para nada? Quem corre sabe quão importante é ter essa referência num ponto escuro do percurso, em que é difícil ver o nosso próprio relógio.

Muito estranha foi a incongruência entre o regulamento e os prémios estipulados para alguns escalões de veteranos, na cerimónia de entrega dos mesmos. É triste e embaraçoso quando são os lesados que têm que chamar a atenção para os lapsos, aos autores do regulamento, recorrendo ao que está escrito, preto no branco. Prova de que há quem faça o trabalho em cima do joelho ou que seja incompetente.

O speaker, salvo algumas excepções, não conseguiu pronunciar totalmente o nome dos clubes a que pertenciam os atletas premiados. E esperava que fossem estes que o ajudassem a desvendar o enigma suscitado pela impressão dos nomes mais longos.

Tempo muito morto à espera que se façam as contas e se determine a classificação colectiva. Já depois da 1 hora da manhã e depois de uma longa espera ao som de música pimba se ficou a saber quem eram as 20 primeiras classificadas, quando a tecnologia ao dispor da organização permitia que esses resultados fossem conhecido em alguns minutos.

Menciono ainda o fim dos SMS que incluíam nome, número de dorsal, classificação e tempo de corrida a quem disponibilizasse o número do telemóvel, horas após o termo da mesma. Tenho no meu telemóvel esses dados sobre as minhas cinco Corridas anteriores, entre 2002 e 2006. Mas isso era só um preciosismo da anterior organização.

Por último, aqueles que mais vivem e mais amam esta Corrida foram pura e simplesmente esquecidos, ignorados e, porque não dizê-lo, ultrajados. Quem organiza não sabe, nem quer saber, o que sentimos e a forma como vivemos todos os dias, todos os anos, ano após ano, a corrida que mais amamos. E que para quase todos nós foi a primeira corrida e a razão que nos faz continuar. Não é mais uma corrida. É a Nossa Corrida, todos os anos. E quando já passava bem da 1 hora da manhã, do dia 1 de Julho, após uma longa espera, somos informados que não tinhamos a nossa cerimónia de entrega de prémios.

Restava o resto, para nosso consolo. As Pessoas que ao longo de quase todo o percurso nos apoiam, nos esgotam, nos comovem e, por vezes, nos fazem arrepiar até às lágrimas. A Lua Cheia que chegou um pouco atrasada, acompanhada por algumas núvens. A leve e agradável Brisa que se fez sentir, depois de uma semana de vento à Peniche. O Mar, um pouco mais distante e sem troar e surriar como noutros anos. As silhuetas das Rochas, este ano um pouco menos escuras, antecipando o luar. As Fogueiras, que no dia 30 estavam mais altas e mais belas, dando-nos alguma luz e lançando as suas faúlhas ar fora. A Amizade que une os atletas de Peniche e muitos outros. O nosso Desempenho, que fica sempre aquém do que pretendemos. E a Esperança que não destruam algo que é fundamental nas nossas vidas.